Escritor tardio.
Por que escrever? Para quê deixar
um registro impresso em tempos de WhatsApp? Fiz-me essas e outras perguntas na
mesma linha de raciocínio, sem uma resposta para mim mesmo convincente.
Apenas uma angústia, que às vezes
varava a madrugada sem resposta, até que, sem reconciliar o sono, me fazia
levantar para ler. Lia de um tudo. Desde ciência política, a Bíblia Sagrada,
meu livro de crença e fé, ou mesmo policiais, crônicas, contos ou, alguns
periódicos, apenas para ocupar minha mente, e me trazer de volta o sono.
Outro dia, outra noite qualquer,
tudo se repetia. Acordava para ir ao banheiro e, de volta à cama, o sono me
abandonava. Surgia como um fantasma as mesmas lembranças, o mesmo desejo, o
desejo de me lançar nessa aventura insana de escrever, e agora estou eu nesse
delírio da escrita.
Procurei aprender algumas
técnicas com consagrados escritores, lendo seus livros, prestando atenção em
suas técnicas, de como eles estruturavam as ideias e pensamentos, como moldavam
os cenários, como construíam os personagens.
Nenhuma ambição em particular. Em
acertar da primeira vez, em encontrar um filão de inspiração que me envolva
completamente. Em escrever um best-seller, mas muito medo, angústia mesmo, em
perder tempo, de que já não disponho tanto, para construir um modelo de estilo
próprio.
Se há algum desejo em particular,
e há, é simplesmente de escrever, para deixar, se Deus me permitir, algumas
ideias que tragam algum alento, ou mesmo riso interior para algum leitor. Por
enquanto, é um exercício absolutamente solitário, de alguém que deseja construí
um castelo, mas com medo de que ele desabe sem que se possa nele morar.
O título retrata exatamente o meu
caso. Neste momento sou um aposentado, à beira dos setenta anos, depois de ter
trabalhado por cerca de 55 anos, terminando a vida profissional no ensino
superior, e pensei em ficar quieto em meu canto, apenas descansando e vendo o
tempo passar. Estou descobrindo que, ficar descansando cansa. Cansa a mente,
cheia de ideias, de histórias, de experiências vividas, de causos, aqui e
acolá, que pretendo compartilhar.
Que gênero escolher para iniciar
essa derradeira caminhada? Vou começar pelas crônicas, um gênero considerado
menor dentro da literatura brasileira, e mesmo a universal, mas que foram
brilhantemente utilizadas pelos grandes escritores da nossa língua, e da
literatura universal.
Bem, decidido está. A partir
desta introdução de apresentação iniciarei uma série de crônicas, sem um tema
ou linha de assuntos definidos, como bem determina a técnica literária. Como
encaro como um exercício mental, vamos nós nesta aventura, sem destino. Até
onde? Não sei. Não quero saber, sigo em frente.
06 set. 2019.
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